sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

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Decidimos trabalhar no quarto, sentados no chão, ao redor da cama, onde retomámos a leitura do texto da sessão anterior, na fala da Árvore.

            - Essa ideia de pôr a árvore a falar é muito interessante – disse o Daniel. Acho mesmo que uma árvore tem muito a dizer.
            - Pelo menos a nossa – retorquiu a Bruna.
           - Sim, as árvores nem sempre ficam de pé, elas são a outra memória da indiferença dos homens, resistem ao silêncio e às catástrofes – completou o Daniel.

Aos poucos o texto ia ganhando forma, os cenários imaginados e as personagens cresciam, adquiriam vida própria, éramos apenas a voz num corpo emprestado. A Árvore assumia o protagonismo, representava a natureza e o que de melhor ela significa para o Homem. Vivemos um tempo difícil, em que a sobrevivência da nossa espécie depende daquilo que fizermos pelo ambiente e gestão dos recursos. Por isso, a Árvore é a voz da floresta, um grito, um alerta, um convite à inteligência. Mas pode ser, também, uma outra maneira de dizermos que há pessoas como a Leonor que gostariam de não ficar paradas.

            - Acho que a cena deve começar sem luz, enquanto se ouve uma voz:
Numa cidade imaginária a pressa não deixa as pessoas viverem. Há muito a fazer e o sol deixa marcas de melancolia.”

            - E lentamente o foco vai iluminando uma cadeira de rodas, o som é de carros e pessoas à hora de ponta de uma grande cidade – continuou o Santiago.

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