quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

III

Todos acharam a ideia muito interessante e rapidamente cresceram as propostas para surpreendermos a nossa colega. Decidimos não comprar nada, juntámos a imaginação e, em conjunto, escrevemos uma pequena peça de teatro, onde todos éramos atores. Apesar de alguns nunca terem feito nada parecido, o mais importante era surpreender a Leonor. 

Todas as tardes juntávamo-nos para escrever. Nunca imaginei que fosse tão divertido escrever uma peça de teatro a tantas mãos. No princípio tudo parecia confuso, cada um dava uma ideia. Nos primeiros dias, parecíamos um vulcão. O Daniel decidiu tomar as primeiras notas, depois cada um deu o seu contributo e, assim, começou a mais difícil viagem da A Árvore que não quer ficar parada.

Estávamos em finais de Julho, era urgente acabarmos a peça de teatro. Alguns amigos iam de férias e só regressavam em Setembro. Todos gostámos do título, embora longo, fazia-nos pensar por que razão as árvores não são como as pessoas que podem ir para ondem querem. Pensámos muito na escolha do título, principalmente, porque a Leonor não podia ir para onde queria, como a maioria das pessoas. 

Se falarmos de árvores em vez de pessoas, talvez, os adultos ouçam melhor o que queremos dizer. Nem sempre os mais velhos nos escutam, gostam mais de falar, mas estão sempre disponíveis para conselhos e ralhetes. Acho que são quase todos assim. 


António Vilhena