Deixei que entrassem e depois fui sentar-me
nas últimas cadeiras. Ao longo da pequena viagem até ao quarteirão, onde mora a
Bruna, ainda tive tempo de ouvir a menina Alice contar algumas anedotas e
meter-se comigo.
- O menino tem idade para ser meu
neto. Quer dar-me uma ajuda a descer?
Imediatamente peguei num dos sacos.
- Obrigado, menino.
- Obrigado, menino.
Muitos dos passageiros desciam naquela
paragem. Enquanto aguardávamos na fila, a menina Alice perguntou-me:
-
O que queres ser?
Pensava na resposta quando chegou a vez da
menina Alice sair e despediu-se:
- Obrigado.
Lesto - e ainda a pensar na pergunta “O que
queres ser?” -, iniciei a caminhada até à casa da Bruna. Era sábado à tarde,
havia muitas famílias a passearem os filhos nos espaços verdes. Outros grupos encaminhavam-se
ruidosamente para o futebol entoando cantos. Há muito que não ia ao futebol. Apesar
de gostar de Ronaldo, o sedutor da bola, admiro o jogo coletivo, a sua capacidade
de nos fazer sonhar. Com Figo e Ronaldo aprendi que o jogo e a beleza vivem no
gume da emoção.
Há sempre mais sonho para além do horizonte onde acreditamos existirem novas causas, mesmo as que mudaram a História. Foge-me o pensamento, a Bruna está em todo o lado, é a inquietação em todos os meus passos, uma presença inevitável. Quando não sabemos nada dos outros, é mais fácil falarmos de nós, na esperança de que seja possível ler os lábios no silêncio.
Há sempre mais sonho para além do horizonte onde acreditamos existirem novas causas, mesmo as que mudaram a História. Foge-me o pensamento, a Bruna está em todo o lado, é a inquietação em todos os meus passos, uma presença inevitável. Quando não sabemos nada dos outros, é mais fácil falarmos de nós, na esperança de que seja possível ler os lábios no silêncio.
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